Rita Foelker
A idéia de definir e mensurar a inteligência tem pouco mais que um século. Começou com Alfred Binet (1), médico francês, que identificou dois tipos de inteligência: a lógico-matemática e a linguística ou verbal.
Desde então, seu modelo foi aceito e considerado para a formação de currículos de todas as escolas do mundo.
Um novo e grande passo na compreensão do que é e como funciona a
inteligência somente seria dado por Howard Gardner e sua equipe da
Universidade de Harvard quando, nos anos 80, descobriu e propôs que o
ser humano teria não uma ou duas, mas várias inteligências, relacionadas
a habilidades específicas que iam da montagem de blocos à música, à
pintura e ao autoconhecimento.
Acompanhando o desempenho profissional de pessoas que haviam sido
alunos fracos ou medíocres, Gardner se surpreende ao verificar que
muitos obtiveram sucesso e viviam muito bem, o que não acontecia
necessariamente com aqueles que haviam sido estudantes aplicados e
tirado boas notas. Questionando o tipo de avaliação feita nas escolas,
ele verificou que elas não incluíam capacidades que eram essenciais para
a realização e a felicidade das pessoas.
Gardner demonstrou que as demais faculdades, desprezadas pela
escola, também são produto de processos mentais. Para ele, inteligência é
uma capacidade de resolver problemas e elaborar produtos de valor num ambiente cultural ou comunitário.
Ele próprio, na ocasião, identificou sete inteligências, mas como os
estudos prosseguem, atualmente utilizamos a seguinte classificação:
Abstrata |
|
Concreta |
|
Social |
|
Espiritual |
|
A idéia central de sua proposta é a de que a inteligência
compõe-se um amplo espectro de competências inter-relacionadas, algumas
das quais antigamente eram consideradas dons, talentos (como a músical
ou a pictórica-espacial) ou virtudes (como a intrapessoal). A diferença
no enfoque e o aspecto revolucionário da teoria das Inteligências
Múltiplas está em que todos os seres humanos possuem todas as
inteligências acima, só que em diferentes graus de desenvolvimento.
Ninguém recebeu dádivas especiais e exclusivas. O que nos falta é
treino.
Esta visão concorda perfeitamente com a concepção espírita da Lei
de Igualdade, da Justiça Divina e da Evolução. Segundo a Doutrina, todos
possuímos os germes de todas as faculdades, que apenas aguardam para
desabrochar em nós.
Uma das inteligências não consideradas por Gardner, mas defendida
pela psicóloga e filósofa americana Dana Zohar, é a espiritual. Suas
características coincidem com a idéia que fazemos de um ser
espiritualmente evoluído.
Embora estejam separadas, para fins de entendimento, na realidade
as inteligências funcionam em conjunto, integradas umas às outras. Ao
montar um quebra-cabeça, por exemplo, várias delas entram em ação: a
lógico-matemática (na classificação das peças e descoberta de
semelhanças), a pictórica-espacial (para perceber a localização das
peças e as diferenças de cor), cinético-corporal (no uso das mãos) e até
a intrapessoal (para persistir até o fim). Quer dizer que, embora uma
possa predominar, todas trabalham juntas.
Quantas crianças não são marginalizadas em suas famílias,
comunidades e escolas porque suas habilidades em resolver cálculos ou
problemas abstratos e distanciados de sua realidade não são as
esperadas?
Provavelmente, a contribuição mais importante da teoria das
inteligências múltiplas seja a de alterar alguns conceitos sobre ensino,
proporcionando ao aluno desenvolver diversas atividades de forma mais
personalizada e de acordo com as suas reais aptidões. Neste processo
mais individualizado, as crianças perceberão que suas forças pessoais
estão sendo reconhecidas e valorizadas. O importante não está em
medirmos a grandeza da inteligência em números ou como um conjunto de
habilidades isoladas, e sim como um processo dinâmico, múltiplo e
integrado, permitindo ser observada de diferentes ângulos. Esta nova
concepção de inteligência nos conduzirá à formação de cidadãos mais
felizes, mais competentes, com mais capacidade de trabalhar em grupo e
mais equilibrados emocionalmente.(2)
ATIVIDADE: Quebra-cabeças misturados
(1) Em 1900, Alfred Binet foi solicitado para que desenvolvesse uma
medida de predição do sucesso escolar de crianças das primeiras séries.
Desta forma surgiu o primeiro teste de inteligência, que visava
estabelecer um critério para diferenciar crianças retardadas e crianças
normais nos mais diferentes graus. Daí surgiu, também, a noção de que a
inteligência poderia ser medida quantitativamente através da avaliação
das capacidades lógica e linguística. Volta
(2) O trecho em itálico é de Jorge Montardo, médico pediatra, no site http://planeta.terra.com.br/saude/montardo/index.htm. Volta
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