O Ministério da Educação publicou no Diário Oficial da União
desta sexta-feira, 5, a portaria nº 4/2018, que institui o Programa
Mais Alfabetização. O objetivo é fortalecer e apoiar as escolas no
processo de alfabetização dos estudantes de todas as turmas do primeiro e
segundo anos do ensino fundamental. Entre as principais ações estão a
garantia do assistente de alfabetização ao professor em sala. A
expectativa é atender a 4,6 milhões de estudantes em 200 mil turmas em
todo o país. O investimento será de R$ 523 milhões em 2018.
A ministra da Educação substituta, Maria Helena Guimarães de Castro,
defende o apoio aos professores como importante ferramenta para melhorar
a alfabetização das crianças de todo o país. “O apoio virá tanto no
mestrado profissional para os professores que atuam no primeiro e
segundo anos do ensino fundamental, como a residência pedagógica para os
futuros professores, com 80 mil vagas a partir de 2018 e ênfase na
alfabetização”, disse.
No Mais Alfabetização, todo professor regente contará com o apoio de
um assistente de alfabetização para o desenvolvimento de atividades
pedagógicas. Haverá apoio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE),
com recursos específicos para a contratação desses assistentes e para a
realização de atividades voltadas para as turmas de primeiro e segundo
anos do ensino fundamental.
Tudo será feito de acordo com a organização de cada escola, que
deverá seguir orientação da secretaria de educação e o seu próprio
projeto político pedagógico. O apoio também se dará por meio do
fortalecimento da gestão das secretarias de educação e escolas, da
formação inicial e continuada, além de material didático, que serão
selecionados pelos estados e que podem ser próprios ou pré-qualificados.
Em qualquer das opções, deverá ser focado na prática para professores e
alunos, realizado em regime de colaboração e privilegiando o
protagonismo das redes.
Nas escolas mais vulneráveis, onde mais da metade dos estudantes
tiveram desempenho insuficiente na Avaliação Nacional da Alfabetização
(ANA), em 2016, serão 10 horas por semana com os assistentes de
alfabetização. Nas demais, as atividades terão cinco horas semanais. No
Programa Mais Alfabetização as escolas e redes farão ainda avaliações
periódicas para acompanhar a aprendizagem das crianças e dar suporte ao
replanejamento do trabalho desenvolvido pelas escolas considerando os
resultados obtidos com o programa.
Formação – A formação também será focada no
protagonismo para as redes, centrada na prática e realizada em serviço. A
formação continuada de professores regentes contemplará também mestrado
profissional em alfabetização e didática aplicada, com foco na
alfabetização e gestão da aprendizagem. No caso dos assistentes de
alfabetização, serão realizadas oficinas com foco na alfabetização e
gestão da aprendizagem. Gestores das escolas e equipes técnicas também
serão capacitados.
No caso da formação inicial, a articulação do Mais Alfabetização com a
Política Nacional de Formação de Professores vai direcionar os
estudantes de pedagogia e licenciaturas afins para residência pedagógica
nos primeiros e segundo anos do ensino fundamental.
“Recentemente divulgamos os resultados da Avaliação Nacional da
Alfabetização e vimos que os resultados são muito preocupantes, sem
qualquer avanço nos últimos anos”, ressaltou o secretário de Educação
Básica, Rossieli Soares. “Como resposta nós criamos o Mais
Alfabetização, que vai levar um assistente de alfabetização para cada um
dos professores do Brasil, em todas as turmas com mais de 10 alunos
matriculados, garantindo que o professor possa dar mais tempo de
qualidade no atendimento aos alunos, visando a melhoria e a qualidade da
aprendizagem no processo, que é o mais importante de toda a educação.”
Alfabetização – O programa Mais Alfabetização faz
parte de uma série de ações que respondem a um cenário preocupante
revelado pelos resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA)
de 2016, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no final de 2017.
De acordo com a ANA, os níveis de alfabetização das crianças
brasileiras em 2016 são praticamente os mesmos que em 2014. Os
resultados revelaram que 54,73% dos estudantes acima dos 8 anos, faixa
etária de 90% dos avaliados, permanecem em níveis insuficientes de
leitura. Encontram-se nos níveis 1 e 2 (elementares). Na avaliação
realizada em 2014, esse percentual era de 56,1. Outros 45,2% dos
estudantes avaliados obtiveram níveis satisfatórios em leitura, com
desempenho nos níveis 3 (adequado) e 4 (desejável). Em 2014, esse
percentual era de 43,8.
O desempenho dos estudantes do terceiro ano do ensino fundamental
matriculados nas escolas públicas permaneceu estatisticamente estagnado
na avaliação durante esse período. Os resultados revelam ainda que parte
considerável dos estudantes, mesmo tendo passado por três anos de
escolarização, apresentam níveis de proficiência insuficientes para a
idade. A terceira edição da ANA foi aplicada pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) entre 14 e 25 de
novembro de 2016. Foram avaliadas 48.860 escolas, 106.575 turmas e
2.206.625 estudantes.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, determina o desenvolvimento da capacidade de
aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da
escrita e do cálculo.
A Portaria 4/2018 observa que “em média, 97% das crianças brasileiras
estão matriculadas no primeiro ano e que o processo de alfabetização é a
base para garantir uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e
promover oportunidades de aprendizagem durante toda a vida para todos”.
Diante disso, o programa Mais Alfabetização vem para reforçar a
necessidade de fortalecer o aprendizado desses alunos em sua fase
inicial.
Para ser considerado alfabetizado o estudante deve compreender o
funcionamento do sistema alfabético de escrita; construir autonomia de
leitura e se apropriar de estratégias de compreensão e de produção de
textos. Já em matemática, deve aprender a raciocinar, representar,
comunicar, argumentar, resolver problemas em diferentes contextos,
utilizando conceitos, procedimentos e fatos matematicamente.
Adesão - A partir de 12 de janeiro os estados e
municípios terão 30 dias para fazer a adesão ao programa pelo Sistema
Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do MEC (Simec). A
expectativa é de que o programa esteja em pleno funcionamento a partir
de março.
A portaria que institui o programa foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira.
Assessoria de Comunicação Social
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